domingo, 8 de março de 2009

Um pouco de minha história!


Quando eu nasci meu pai era mecãnico e minha mãe auxiliar de enfermagem. Mesmo com dificuldade financeira, eles me colocaram para estudar em uma escola particular bem simples e humilde. A professora era nossa vizinha e ela passava de casa em casa para levar seus alunos até sua escola que ficava não muito distante dali. Nesta época eu tinha só quatro anos e não me lembro de muita coisa.
Eu me lembro bem palmatória que a professora sempre carregava consigo. Mas não me lembro de tê-la experimentado... tststs. Lembro também das atividades com material como: casca de ovo, papel camurça, jornal e papel de todo tipo. Nós aprendemos com ela, a conhecer as letras por meio do antigo ABC, segundo o método sintético de alfabetização. Embora tenha surtido efeito em alguns de nós, este método, não é bem visto pela pedagogia moderna pois fragmenta o o conhecimento.
De acordo com Vera Lúcia Camara Zacharias "O método sintético consiste, fundamentalmente, na correspondência entre o oral e o escrito, entre o som e a grafia." Este método estabelece a correspondência a partir das letras, em um processo que consiste em ir das partes ao todo. Hoje o método análítico e a tendência construtivista têm desempenhado um papel bem mais aceito entre os alfabetizadores. Embora sejam mais trabalhosos e necessitem de mais criatividade, têm apresentando bons resultados no processo da aperndizagem siginificativa.


Da primeira a oitava série do primeiro grau, como era chamado antigamente, eu cursei em escola pública. Tive professores bons e outros que não sinto saudades. Tive exemplos do que é ser ou não um bom educador. Sempre fui muito comunicativa, por isso acabava conhecendo do porteiro à diretora da escola. Adorava ter estagiárias! Eu sempre aprendia mais no período do estágio! Acredito que as brincadeiras e a forma carinhosa das estagiárias faziam a aprendizagem ser mais atraente. Henri Wallon considera a afetividade um fator de suma importância no processo de desenvolvimento da criança. Muitas estagiárias passaram e contribuiram para minha formação, porém a que mais me marcou foi a da quarta série. Seu nome era Zilda, uma negra muito alta e bonita, com voz suave e carinhosa. Ela era muito atenciosa e compreensiva, procurava sempre compreender nossas necessides e limitações. Rogeres, na teoria humanista, fala dessa empatia tão necessária ao professor, fazendo-o capaz de colocar-se no lugar do aluno e pensar como ele, mas sem perder de vista o seu real papel na relação professor/aluno/aprendizagem.


Até a oitava série eu não tinha muita expectativa no que se refere a fazer um curso de nível superior. Embora gostasse muito da área de educação, jamais imaginei fazer um curso de pedagogia. Eu cursei os três anos do antigo segundo grau num colégio particular chamado CETEJE, Hoje Faculdades Integradas de Jequié. Neste período estudei com bolsa integral e conclui o curso de Técnico em Contabilidade. Serviu como experiência, mas nunca foi o meu ideal. Nesta época eu fiz um estágio na Secretaria da Fazenda do Estado e foi maravilhoso. Conheci muita gente e fiz muitos trabalhos diferentes.
Quando terminou o estágio e o curso de T. em Contabilidade eu fui trabalhar em uma clínica de Ultrasonografia como secretária. Trabalhei durante sete anos lá e neste período eu me casei e o sonho da universidade ficou cada vez mais distante para mim. Mesmo assim eu sempre estudei sozinha, nos momentos de folga, esperando uma boa oportunidade para mudar de vida. Até que fui aprovada no concurso público da Seretaria de Saúde do município de Jequié.

E foi trabalhando no posto de saúde que conheci Cândida, graduanda do Curso de Pedagogia. Ela foi a responsável por minha escolha pelo curso. Foi ela quem me alertou sobre minha facilidade de comunicação, de explicar as coisas, de falar em público, escrever, desenhar e lidar com crianças pequenas. Aceitei o conselho e hoje me considero uma das pessoas mais impolgadas com o curso de pedagogia e com a formação docente. Tenho planos e sonhos, dentre eles o de atuar na escola pública. Adorei o estágio na Creche, embora tenha passado por diversas dificuldades, fiquei encantada com as crianças e com o trabalho que fui capaz de realizar nesta modalidade de ensino com tão poucos recursos.



Percebi as dificuldades reais da pré-escola em nosso município. Conheci crianças com problemas que nem mesmo os adultos têm condições de suportar. Vi casos e descasos de funcionários e educadores. Chorei, ri... Até ri mais do que chorei. Mas foi um dos momentos mais maravilhosos de minha vida. O estágio de Educação Infantil me fez abrir os olhos pra muitas coisas. Principalmente para o fato de que o mundo deseja e aspira por profissionais de caráter, solidários e de muito amor pelo outro.
O ponto chave do meu estágio foi a ludicidade. Para mim e minha colega de estágio, não foi muito difícil encontrar atividades e proporcionar momentos de aprendizagem e de interação com brinquedos e brincadeiras para as crianças, pois ludicidade é o meu tema de monografia, e acredito muito que a criança que brinca adquire elementos necessários a sua formação garantindo sua integridade física, mental e intelectual.


De acordo com o pensamento de Vigotsky (WAJSKOP, 2001, p.33) , a criança no brincar, coloca desafios e questões além do seu comportamento diário, levantando hipóteses na tentativa de compreender os problemas que lhes são propostos pelos adultos e pela realidade a qual estão inseridas. Ainda para este teórico, a brincadeira infantil pode constituir-se em uma tividade em que as crianças, sozinhas ou em grupo, procuram compreender o mundo e as ações humanas.

De acordo com Ausubel (FARIA, 1989 p. 08) uma aprendizagem significativa acontece se as idéias expressas simbolidamente forem relacionadas as informações relevantes previamente adquiridas pelo aprendiz. Neste sentido, durante nossa regência, nós utilizamos os conhecimentos prévios dos alunos e os integramos a bincadeiras e jogos no intuíto tanto de conquistar a atenção das crianças, quanto o de promover uma aprendizagem mais significativa.

O curso de Pedagogia para mim, não serviu somente para a absorvição de teórias e de experiência docente. Mas do que isso, o que eu apreendi durante estes quatros anos, é importantíssimos para minha constituição enquanto cidadã, enquanto sujeito que constroe e faz história. A Psicologia me levou a uma profunda viagem em mim mesma fazendo ver que só posso compreender, aceitar e ajudar ao outro se eu conhecer a mim mesma, aceitar a mim mesma. Ser capaz de me olhar no espelho e apontar defeitos e qualidades, resolvendo meus conflitos interiores e superando minhas ansiedades.


Talvez Jung e Freud tenham sido os autores mais importantes em minha formação acadêmica. Pois em suas teorias me chamou muito atenção a questão da sombra e da persona, dos arquétipos, das neuroses e dos diversos transtornos de personalidade originados de situações mal resolvidas desde a infância e tão comuns em nossa sociedade moderna. Porém, não posso esquecer dos pensamentos de Marx, Paulo Freire, Durkeim e de muitos autores modernos e respeitados como Lukese, Gadote, Gilberto Freire, Sergio Buarque dentre vários autores e autoras dos quais li e gostei muito, e que contribuiram para a visão de mundo que tenho hoje.

Tenho muitas expectativas para este último semestre na academia, principalmente para o momento de estágio que iremos realizar agora. Espero contribuir e ser tão significativa e inesquecível para as crianças quanto a minha querida estagiária Zilda foi para mim. Espero encontrar no estágio, algumas respostas para indagações interiores e particulares, espero ser capaz de aproveitar o momento para refletir e descobrir. Espero ser capaz de partilhar e de estar aberta ao conhecimento que os meus alunos trarão dentro de si. Tenho confiança em Deus e nos estudos que já fiz até agora.

2 comentários:

  1. Oi linda!
    Parabéns pelas reflexões no blog.Vc acertou na mosca.Relatou e refletiu sobre sua itinerância docente. É isso aí. Procure colocar os links dos blogs de seus colegas, para facilitar a interação. Faça também comentários nos blogs dos seus colegas.
    Faça comentários também no meu blog sobre as aulas.

    Beijos,

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  2. iiiiiiiiiii. Li tudo de novo e adorei suas reflexões fundamentadas.

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